Há algumas semanas, durante a Você RH Meeting, tive a felicidade de assistir uma excelente palestra de um representante do Fórum Econômico Mundial para a América Latina.
Em sua palestra, ele falou sobre o cenário mundial atual, volátil, incerto, complexo e ambíguo, conhecido com a sigla VUCA (leia mais aqui: https://goo.gl/IeylIv) e a necessidade de aplicar toda a resiliência e adaptabilidade tanto individual como das corporações.
Um dos dados que ele apresentou é que a Humanidade está evoluindo numa velocidade nunca antes vista, graças, em boa parte, à tecnologia, com muita mais qualidade de vida e, também, longevidade. Esses dados se devem tanto ao número cada vez maior de crianças vacinadas contra doenças como o sarampo, à diminuição do volume de pessoas debaixo da linha da pobreza e, também, à redução de mortes ocasionadas por desastres naturais, entre outros fatores, como a identificação mais rápida de doenças e seu tratamento mais eficaz. Tudo isso, aliado ao crescimento populacional cada vez menor, segundo estudos do FMI (mais informações no link a seguir: https://goo.gl/fGE2qr).
Esse cenário complexo e em constante transformação, ressalta um risco global e que demanda atenção como destacado nos estudos do Fórum: o futuro do trabalho (ou “The Future of Employment” – https://goo.gl/p8RSjN).
Se, por um lado as novas tecnologias já estão facilitando e vão facilitar a vida em geral ainda mais, há um fator que o mundo ainda não está sabendo como direcionar – o envelhecimento da população economicamente ativa.
Em minhas conversas, tenho percebido que as empresas ainda não tem clara visibilidade de como abordar este tema e mais: recrutadores ainda procuram talento a desenvolver, nas faixas mais jovens da população. E, por outro lado, conversando com amigos e contatos profissionais, tenho percebido que as pessoas também não estão se preparando durante este processo de transformação social e continuam presas a modelos antigos. Infelizmente, a continuação desta tendência tem data marcada para colapsar, caso não sejam adotadas novas abordagens, tanto corporativas como pessoais: muito provavelmente não na minha geração e talvez não na sua, leitor, mas com certeza no futuro de médio prazo.
Além de alguns artigos interessantes que oferecem um cenário com opções pessoais bastante realistas e otimistas (por exemplo este: https://goo.gl/4nYVdi), algumas empresas também tem começado a pensar no tema e a oferecer desde cursos online para pessoas em fase de aposentadoria como a reavaliação do tema “talento” oferecendo oportunidades em todas as faixas etárias, dando equivalente importância à iniciativa, garra, determinação e inovação mas também à questão experiência.
Aqui na empresa onde atuo, por ser multinacional americana, já existe uma predisposição à oferta de oportunidades iguais, menos discriminatórias. Hoje, no Brasil, temos um quadro com diversos profissionais acima dos 50 anos de idade, chegando a quase 30% dos nossos profissionais. Esses executivos, numa empresa enxuta como a nossa, agregam competências bastante importantes ao negócio, entre elas:
- experiência profissional – bagagem trazida de outras jornadas, sejam elas outras multinacionais ou, ainda, empresas próprias
- experiência pessoal – sim, a parte pessoal também conta pontos – conhecimento de diferentes culturas, por exemplo, e a maneira delas se relacionarem e fazerem negócios, também é fundamental
- maturidade – segundo o dicionário, maturidade é condição de plenitude em arte, saber ou habilidade adquirida. Neste caso, esses profissionais tem plenitude em algumas habilidades sociais comportamentais que são vitais para a continuidade corporativa
- garra – aquela força de vontade, disposição; determinação para fazer “dar certo”
- vontade de aprender, autodesenvolvimento
- habilidade de negociação e, finalmente,
- habilidade para trabalhar num modelo de colaboração.
Sobre este último item vou escrever uma próxima vez pois há muito a se escrever, muitos materiais e fontes disponíveis e, sem dúvida, um dos modelos do futuro.
Mas, enquanto isso, já deixo uma pergunta para você, profissional: como já é sabido que cabe a você o futuro da sua empregabilidade ou das oportunidades de trabalho, você tem dado atenção suficiente ao tema “futuro”? Você tem pensado que o tempo avança cada vez mais rápido e como você vai se manter competitivo, de forma saudável, para esse novo cenário? Como tem planejado esses próximos anos ativos?
E você, corporação: como tem trabalhado a equação “talento x envelhecimento populacional x sucessão x oportunidades iguais”? Você tem prestado atenção ao equilíbrio entre gerações e tem fomentado essas trocas saudáveis?
Post publicado originalmente aqui.