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Mundo AEC - Blog Oficial sobre soluções da Autodesk Brasil

Série de Artigos BIM com foco em Infraestrutura

Artigo 01 – Desmistificando o BIM com foco em Infraestrutura.

O BIM com foco em Infraestrutura, é uma discussão antiga, mas que voltou com força agora. Estamos vendo um movimento grande e rápido, do setor de Infraestrutura, em busca do BIM, podemos ver isto com mais clareza nas ações da CPTM, SABESP e DNIT, não só de órgão governamentais como os citados, mas também de empresas privadas como a CCR e Arteris, que licitaram recentemente grandes projetos exigindo a entrega em BIM.

Lógico que com estes movimentos acontecendo, surgem as dúvidas e também a pergunta “O que é BIM com foco em Infraestrutura? ”. Muitos chegam até a duvidar que a metodologia BIM, sequer possa ser aplicada aos projetos/construções em Infraestrutura. Todos sabemos que o BIM é uma metodologia de projeto, que envolve processos e tecnologias diferentes, das baseadas em tecnologia CAD, antes do BIM os processos de projetos eram diferentes, processos tais como:

  • Como contratar?
  • Como executar/fazer?
  • Como normatizar?
  • Como verificar/validar?
  • Como compatibilizar?
  • Como distribuir a informação entre as fases de projeto?
  • Como pagar?
  • etc.

Tudo isto eram de uma maneira quando os processos se baseavam em CAD. Isto mudou (ou deveria mudar) com o BIM, e todos estes processos começaram a ser adaptados ao BIM. Primeiro experimentamos isto para projetos arquitetônicos, e assim hoje todas (quase todas) as referências sobre BIM, estão ambientadas em projetos arquitetônicos, além disto, existe um mal entendido até no acrônimo (Building Information Modeling), Building pode ser entendido e traduzido para Edificação ou Construção, felizmente as pessoas que integram a norma brasileira, traduziram da forma correta (na minha opinião) para Modelagem da Informação da Construção.

Salada de Acrônimos

Na vontade e urgência para falar de BIM para Infraestrutura, juntando a falta de literatura com o entendimento do B(Building) para Edificação, surgiram uma variedade gigante de acrônimos para variantes do BIM, tais como BrIM (Bridge Information Modeling), SIM (Sanitary Information Modeling), CIM (Civil Information Modeling), CiIM (City Information Modeling), TIM (Tunelling Information Modeling), e outros tantos acrônimos que tentam fazer paralelos ao BIM (Edificação) com as diversas áreas da Infraestrutura. Na minha opinião não acredito nesta separação drástica, obviamente que as disciplinas e áreas de Infraestrutura são diferentes de Edificações, e até este o motivo para eu escrever este artigo. Mas o BIM é único quando entendemos que o BIM é um processo de CONSTRUÇÃO VIRTUAL, e não somente uma maneira diferente de projetar EDIFICIOS (e ele é sim também uma maneira diferente de projetar). Então assim podemos compartilhar dos diversos pontos em comum entre Edificações e Infraestrutura e usar o BIM já pensado para Edificações, para responder alguns pontos em comum, mas sim precisamos mudar alguns, e entender melhor outros, não devemos sair copiando tudo de cara do BIM com foco em Edificações.

Modelagem BIM para Infraestrutura uma nova abordagem

A primeira coisa que temos que entender na criação das respostas para o BIM com foco em Infraestrutura, é que temos que separar as três letras do acrônimo B (Building, Construção), I (Information, Informação) e M(Modeling, Modelagem), o I (Informação) é o mais importante sempre, mas ele sozinho não faz verão, esta informação está onde? Como insiro? Como iriei usar? Que nível de informação eu quero? Esta resposta está no M (Modelagem) para que ambos criem o B (Building, Construção). Vou explicar melhor.

Antes de chegarmos e começarmos a copiar tudo que foi feito do BIM com foco em Edificações, devemos olhar um pouco para o M(Modelagem) e aqui reside muito da tecnologia envolvida no BIM, mas antes de avançar, vou fazer um parêntesis conceitual. Muitos acreditam que podem fazer BIM, sem se preocupar com a tecnologia envolvida, tratando isto como secundário, ou até como consequência do processo e não o contrário, eu acho isto totalmente errado e a resposta está exatamente na letra M (Modelagem), o processo de modelagem passa por um tipo de tecnologia, e a tecnologia é impreterível para ter a modelagem, eu preciso de um software que o faça, com isto, se quero modelar uma parede, eu tenho que entender como é modelado, para que, eu consiga adicionar o I(Informação) da maneira correta e assim conseguir ter o C (Construção) que pare de pé.

Criar processos genéricos ou até baseados em objetos genéricos de transferência de informação (tal como IFC) irão levar o processo de modelagem para níveis de complexidades extremos, pois o BIM não é um processo genérico, ele tem premissas universais, mas aplicação especifica. O setor AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção) não busca processos genéricos, pois ele entende que cada projeto/obra tem suas características próprias, se formos genéricos com os processos BIM, vamos estar colocando mais dificuldades do que resolvendo problemas, e estamos aqui para resolver problemas e não causar mais, então, vamos sair da caixa e entender que SIM o processo de modelagem é importante.

E este processo de modelagem é fundamental no BIM com foco em Infraestrutura (como é também no de Edificações), por exemplo, como vou definir os níveis de detalhamento em BIM com foco em Infraestrutura? Como o famoso LOD (Level of Development or Detail) deve ser definido para, por exemplo, uma nova rodovia?

Mas antes vamos dar uma olhada em um LOD de um item de edificação que achei na internet, não quer dizer que é o correto, só exemplificando que isto está sendo feito.

Isto faz sentido para edificações? Por exemplo, o processo para modelagem entre os LOD 200 até 400 dentro do Revit é uma diferença mínima de tempo, pois vou perder um tempo criando objetos para o LOD 200, para o LOD 300 e para o 400, sendo que o trabalho para criar o LOD 200 e ou o 400 são algumas horas na criação da família, que será de uma única vez só, mas muito menor que criar 3 vezes todas as vezes, depois todos os projetos dali para frente você já parte com o objeto em LOD 400, e você não irá precisar criar 3 tipos de objetos para cada LOD. Então qual a diferença entre os LOD 200 300 e 400? Se você pensar no M (modelagem) e basear o processo no seu software, não faz nenhum sentido a diferença de LOD entre o 200 e o 400, pois a ferramenta faz o 400 com preço de 200.

Mas calma não estou falando para não existir os LOD 200 e 300, estou falando somente que sem pensar no M, vamos correr o perigo de ser redundantes, talvez então, ou o 200 está errado, ou o 400 poderia ser o 200 o 500 ser o 300 e criar outros para 400 e 500 baseados na modelagem e nos processos como, construção e manutenção e dando assim o correto sentido.

Vamos pensar agora em um LOD para uma rodovia, se não pensarmos no M (modelagem) podemos ter algo assim.

Você pode até me dizer que está correto segundo o autor X ou Y, mas vamos pensar um pouco no M (Modelagem) e vamos aqui pensar no AutoCAD Civil 3D, que é o principal software para modelagem BIM com foco em Infraestrutura, principalmente no caso de estradas.

O AutoCAD Civil 3D consegue fazer com o mesmo comando, o LOD 100, 200 e 300, exatamente, o mesmo comando com o template correto, por exemplo com as normas de raios, espirais e apresentação do DNIT que já vem com o software nativamente, consegue fazer qualquer um dos 3 mostrados na figura com o mesmo comando, na verdade para fazer o LOD 100 eu teria que desligar a opção de estaqueamento que vem por padrão. Então se pensarmos na solução de modelagem, conseguimos neste caso, e neste exemplo, o LOD 300 com preço de LOD 100, mas aqui eu estou forçando o erro proposital, talvez este engano ocorresse com alguém pouco familiarizado com a ideia de LOD, que aqui estou usando como Level of Development (Nivel de Desenvolvimento) e não Level of Detail (Nível de Detalhamento). Talvez alguém com mais experiência diria que o LOD 200 seria o 100 e descesse um nível em todos, mas assim o mesmo erro é cometido, por não pensar na ferramenta de modelagem, e somente na teoria.

O que eu quero dizer com isto? Eu quero dizer que para projetos de rodovias, o LOD 100 deve ser modelado em outro software e não no AutoCAD Civil 3D, vamos então pensar a modelagem no Autodesk Infraworks. Mas antes, vamos olhar um pouco um manual do DNIT o IPR-726 “Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários”, lá ele possui alguns Escopos Básicos e Instruções de Serviços que podem ser uteis aqui. Vamos imaginar um projeto de uma nova rodovia, não é uma vicinal, e não estou duplicando uma existente.

Vamos ver como a minha proposta se encaixaria com o I(Informação) e o M(Modelagem)?

Muitos vão ficar espantados com as opções de LOD, suas visualizações 3D e seus propósitos, você em uma primeira olhada vai falar, como assim em um EVTEA(Estudos de Viabilidade Técnico, Econômica e Ambiental) já ter um projeto em 3D com estudo de volumetria, estaqueamento, etc. Exatamente porque estou pensando na ferramenta de modelagem e na informação que quero. Pois tanto o Autodesk Infraworks quanto o Autodesk ReCAP PRO, me dão suporte suficiente para obter dados de superfície, por conexão com dados SRTM, Aerofotos, Drones, etc e também fazer o traçado sem muito esforço e obter já o 3D, volumetria e outros quantitativos, além da fácil conexão com o AutoCAD Civil 3D para gerar os entregáveis. E assim vale para todos os outros LODs e fases.

Então em suma primeiro estou olhando para o que diz a norma, depois para o software e assim criando os entregáveis em BIM fazendo uma mescla das opções o M (Modelagem) e o I (Informação) tendo no final o B (Construção).

Acredito que para um bom desenvolvimento do BIM com foco em infraestrutura, temos que olhar como as opções de modelagem estão hoje e o que estão oferencendo e assim olhar para a disciplina e alinhar suas possibilidades dentro do processo de modelagem em BIM.

O que achou? Acha que podemos avançar neste caminho? Lógico que em cada uma destas Instruções de Serviço e Escopo Básico vamos ter que detalhar os seus processos de modelagem, LOD, LOI, entregáveis, etc. E tudo isto alinhado com um Plano de Execução BIM para cada projeto.

No próximo artigo vamos olhar ainda mais os detalhes e as disciplinas dos projetos em Infraestrutura de Rodovias.

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Pedro Soethe

Pedro Luis Soethe Cursino é formado em Engenharia Civil pela Universidade de Taubaté, tem pós-graduação em Georreferenciamento pela Faculdade de Pirassununga e em Estradas e Vias Urbanas pela FESP. Trabalha a mais de 15 anos na área de infraestrutura e é responsável por vários projetos executados no Brasil em diversas disciplinas como estradas, projetos urbanos, loteamentos, infraestrutura hidro-sanitária, drenagem, terraplanagem entre outras.

5 Comments

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  1. Avatarfrancis@dec.eb.mil.br

    Parabéns pelo artigo. Em breve, estaremos aprofundando o uso da metodologia para infraestrutura, aqui na DPE.

    1. Pedro SoethePedro Soethe (Post author)

      Obrigado, vocês estão fazendo um grande trabalho.

  2. Avatarfbarbosa

    Bom dia Pedro,
    Alguma previsão do DNIT aprovar esta Proposta?

    1. Pedro SoethePedro Soethe (Post author)

      O DNIT tem olhado com muita atenção todo este movimento, participaram do BIM Leadership FOrum no Autodesk University este ano, e tem iniciativas internas neste sentido, aguardemos novidades.

    2. Avatarfbarbosa

      Que ótimo! Muito bom saber que o pessoal esta participando.
      Trabalho com o Beto S e estamos ligados aguardando as novidades.
      Abs

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