Instalado no coração de São Paulo, Cidade Matarazzo é um dos maiores empreendimentos imobiliários erguidos na capital paulista nos últimos anos. O megacomplexo de luxo, que reunirá um hotel seis estrelas, espaço comercial, centro cultural, e um edifício corporativo, será rodeado por um bosque com mais de 10 mil árvores. O complexo está sendo construído em um terreno de mais de 27 mil m2 onde um dia funcionou o antigo Hospital Matarazzo, um conjunto de edifícios históricos inclui o Hospital Umberto I (1904), a Maternidade Condessa Filomena Matarazzo (1943) e a Capela Santa Luzia (1922).
A grandiosidade do projeto, no entanto, não se deve apenas às dimensões do terreno e das construções em si, mas também ao desafio que o empreendimento representa em se tratar de uma reciclagem de construções existentes tombadas pelo patrimônio histórico.
O empresário francês Alexandre Allard adquiriu a propriedade histórica em 2011, quando esta já estava abandonada há duas décadas, com o intuito de recuperar a memória do local e recicla-lo para o futuro. Segundo Allard, Cidade Matarazzo será um “lugar gerador de emoções”. A obra do empreendimento está orçada em R$ 2 bilhões.
O Hotel Rosewood São Paulo, primeiro hotel da bandeira mais luxuosa do mundo na América do Sul, têm todo o seu projeto de interiores assinado pelo renomado Phillippe Starck, que teve como desafio utilizar somente materiais e fornecedores brasileiros no projeto.
O Rosewood São Paulo contempla:
- Maternidade Filomena Matarazzo, restaurada para abrigar o hotel palácio Rosewood com 42 quartos de hotel decorados por Philippe Starck;
- Torre Mata Atlântica, uma construção contemporânea assinada pelo arquiteto Jean Nouvel (Pritker Prize) que abrigará 150 quartos de hotel e 122 suítes particulares;
- Capela Santa Luzia, integralmente restaurada para voltar a receber missas e cerimônias; e
- Edifício Corporativo, erguido na Alameda Rio Claro e com assinatura do premiado arquiteto Rudy Ricciotti.
Os demais pavilhões do antigo hospital serão restaurados para sediar a primeira loja do futuro – um espaço que une o digital ao físico para criar uma experiência de consumo totalmente personalizada e sem precedentes. O centro comercial reunirá mais de 70 marcas internacionais exclusivas e 30 restaurantes comandados por renomados chefs de cozinha nacionais e internacionais.
Desafios de custos e engenharia
A construção de todo o complexo representou um desafio de engenharia para os projetistas, construtores e fornecedores. “As soluções de engenharia são distintas para cada construção – cada bloco do antigo hospital tem uma metodologia executiva e cada construção nova tem as suas particularidades, sejam estruturais ou arquitetônicas. Desta forma, para garantirmos a excelência em cada solução, o projeto teve suas contratações setorizadas. Precisamos gerenciar toda a obra, visando o orçamento e garantindo a transparência com os investidores, construtoras e empreiteiras”, explica Laura Nogueira e Alexandre Vasconcelos, BIM Manager do Cidade Matarazzo.
Além de do uso das soluções Autodesk para etapa de projeto, o Cidade Matarazzo desenvolveu processos focados no planejamento, orçamento e gestão, com extração de quantidades, visualização e melhor entendimento das sequências executivas, mitigando o risco para as construtoras e empreiteiros.
As modelagens são utilizadas para garantir análises rápidas e detalhadas para elucidar os investidores. “Analisamos a evolução dos projetos ao longo dos anos, apresentando aos investidores a evolução de área projetada e do custo entre as soluções desenvolvidas através de imagens e orçamentos de forma didática”, contam. Um exemplo dessa simulação se deu na avaliação do orçamento, analisando o m² projetado e a complexidade executiva ao incluir mais subsolos sob as áreas tombadas pelo patrimônio histórico.
Um outro bom exemplo de ganhos com o BIM, foi trabalho de reengenharia de valor na Torre assinada pelo Arquiteto Jean Nouvel que possibilitou uma redução significativa do peso do alumínio nos caixilhos e brises, gerando economia na matéria prima, pintura e estruturas auxiliares. “A modelagem 3D desenvolvida pela arquitetura junto a análise de consultores especialistas, possibilitou reduzir as dimensões dos perfis de alumínio com a aprovação da equipe do Jean Nouvel. Com isso, o peso do alumínio da fachada passou de 218 toneladas para 165 toneladas, viabilizando a contratação”, destaca Laura.
Os ganhos ao adotar a gestão em BIM vão muito além da segurança no planejamento e custo. Na obra Cidade Matarazzo, é possível comparar a evolução dos contratos. “Selecionamos algumas disciplinas para controlar com o uso do BIM, acompanhamos esses contratos com as modelagens, possibilitando a comparação do modelo contratual x modelo executado. Desta maneira, conseguimos atuar com transparência e evitar aditivos contratuais abusivos e/ou indevidos”, explica Alexandre.
Para minimizar erros e otimizar a gestão de projetos junto a mais de 50 projetistas e consultores, o empreendimento migrou toda a base de documentos, com o suporte da integradora AX4B, para o BIM 360 Docs, da Autodesk. Com ela, o Cidade Matarazzo realiza a gestão de mais de 70 mil documentos, com um repositório para armazenar arquivos em que é possível visualizar as plantas, modelos 3D, fazer markups de revisão de projeto e enviar mensagens para outros usuários.
Atualmente são mais de 125 pessoas que utilizam a ferramenta para gestão do projeto. Visando a transparência com as construtoras e empreiteiras, todos os documentos referentes aos pleitos de aditivos de contrato são cadastrados no BIM 360 Docs para consulta da gerenciadora e da incorporadora.