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Mundo AEC - Blog Oficial sobre soluções da Autodesk Brasil

No artigo anterior desta série nós introduzimos o conceito de Projeto Generativo como uma abordagem de projeto baseada em iterações contínuas que geram diversidade ou otimização gradual de soluções. Potencializado por computadores o projeto generativo contrapõe-se à tradicional abordagem do projeto explícito, onde o projetista possui uma única idéia em mente e simplesmente a comunica por meio de representações. O computador é a ferramenta ideal para viabilizar o projeto generativo por sua agilidade para iterar, ou seja, para repetir cálculos continuamente partindo de variáveis ligeiramente diferentes. A base das iterações contínuas, divergentes ou convergentes, são os parâmetros e as fórmulas por meio dos quais estes parâmetros são variados. Em BIM o ponto de partida é o modelo paramétrico, desenvolvido com base em parâmetros cujos valores podem ser manualmente alterados ou automaticamente definidos por meio de fórmulas ou regras. Neste último caso temos por definição a abordagem do Projeto Algorítmico, um viés matemático de desenvolvimento de projeto onde as definições e/ou articulações de elementos construtivos e vazios são realizadas por meio de algoritmos (fórmulas, regras ou procedimentos lógicos) que levam à solução do problema posto através de um número finito de etapas.

Autodesk Dynamo

Autodesk Dynamo & Autodesk Revit.

O Revit, o modelador BIM para edificações da Autodesk, permite-nos, até certa extensão, definir restrições, relações e fórmulas que dirigem o comportamento dos diversos componentes do modelo por meio de alguns parâmetros. Ele é assim, em certa extensão, uma ferramenta não somente de projeto paramétrico, mas também de projeto algorítmico. No entanto, é possível fazer muito mais. A definição formal de componentes no Revit, bem como as relações entre estes diferentes componentes, pode ser definida por meio de fórmulas externas ao modelador, e inteligentemente escritas em um ambiente próprio para isso.

Sim, também é possível usar fórmulas no Revit. Fonte: Blog What Revit Wants.

Sim, também é possível usar fórmulas no Revit. Fonte: Blog What Revit Wants.

Entramos aqui no domínio da programação, cuja essência é a de definir algoritmos para que certas tarefas sejam realizadas da maneira mais eficiente e elegante possível. Ora – vocês devem estar se perguntando, e o que isto tem a ver com projeto? Pode-se dizer que, reduzida à sua essência, o trabalho de todo projetista é o de resolver problemas, assim como o do programador. Quando este projetista é um arquiteto ou engenheiro estes problemas são essencialmente de ordem espacial, funcional e simbólica, e procuramos resolvê-los da maneira mais eficiente e elegante possível, comunicando algo a respeito de nós mesmos, dos outros e de nossa cultura. Enquanto projetistas nós articulamos elementos construtivos e vazios com base em condicionantes de projeto, de maneira a inteligentemente e artisticamente dar respostas aos problemas que encaramos. A maneira como consideramos as diversas condicionantes de projeto e os processos que utilizamos para encontrar tais respostas configuram as inúmeras metodologias de desenvolvimento de projetos possíveis. Dentre elas é possível adotar uma que procure resolver os desafios que enfrentamos por um viés matemático, e a programação é um ótimo caminho para viabilizá-la.

Encontrando novas geometrias e arranjos por meio de programação. Fonte: DynamoBIM.org, autoria de Huynh Duc Do.

Encontrando novas geometrias e arranjos por meio de programação. Fonte: DynamoBIM.org, autoria de Huynh Duc Do.

Mas novamente… Programação? Você, projetista que até este parágrafo resistiu bravamente a toda esta verborragia alienígena ao seu dia-a-dia, deve estar se perguntando se esta história de projeto algorítmico é mesmo para você, que nunca programou absolutamente nada em sua vida. Será que esta abordagem não estaria longe demais de nossas metodologias tradicionais? De fato, a programação dura, via código, não é muito amigável para o arquiteto ou o engenheiro. É por isso que ferramentas de projeto algorítmico procuram facilitar a operação para aqueles que não estão familiarizados com a programação tradicional apresentando-a de uma maneira muito mais intuitiva e visual. Ao invés de escrever linhas de código a partir de seus blocos fundamentais é possível começar com instruções já pré-definidas e dispostas de maneira gráfica, passíveis de articulações também visuais. Este tipo de abordagem de programação é chamada de Programação Visual. E o Dynamo, totalmente integrado ao Revit, é uma ferramenta de programação visual voltada para o projetista BIM.

Telhado e telhas chinesas por meio de programação visual em Dynamo. Fonte: DynamoBIM.org, autoria de Jalal Semaan.

Telhado e telhas chinesas por meio de programação visual em Dynamo. Fonte: DynamoBIM.org, autoria de Jalal Semaan.

Em computação, uma linguagem de programação visual (VPL) é qualquer linguagem de programação que permite ao usuário criar programas por meio da manipulação gráfica de elementos em lugar de sua especificação textual. No Dynamo, instalado junto ao Revit e também disponível para download gratuito, a programação é disposta em um ambiente gráfico, junto aos resultados de modelagem gerados por esta programação (que são também visíveis, de forma simultânea, no Revit). A construção de nossas rotinas é feita por meio do lançamento de “nós”, caixas de programação que possuem pontos de entradas de dados à esquerda e pontos de saída de dados à direita. Cada “nó” é uma função que consome dados e gera dados. O projetista simplesmente conecta um “nó” ao outro por meio de “fios”. Estes “fios” carregam os dados da saída de um “nó” para a entrada de outro “nó”, desde que ambas as “portas” (de saída e entrada) operem dados da mesma qualidade (uma coordenada XYZ é diferente, por exemplo, de uma dimensão).

Nós conectados por fios para a geração de uma geometria complexa. Fonte: Blog DynamoBIM, autoria de Matt Jezyk.

Nós conectados por fios para a geração de uma geometria complexa. Fonte: Blog DynamoBIM, autoria de Matt Jezyk.

Na medida em que formos conectando estes “nós”, estaremos escrevendo uma programação que será utilizada para gerar novas formas, analisar informações, extrair dados ou conectar soluções. As possibilidades são infinitas. Para conhecer algumas delas e expandir esta nossa introdução ao Projeto Algorítmico e à Programação Visual dê uma olhada no webinar que realizamos ano passado a respeito deste tema: Programação Visual para BIM.

Análise por meio de rotina de Dynamo. Fonte: Blog DynamoBIM.org

Análise por meio de rotina de Dynamo. Fonte: Blog DynamoBIM.org

Por fim, que tal colocar em prática as suas habilidades de programador visual e desenvolver aquela rotina que lhe faltava para extrair de forma consolidada alguns dados do seu modelo, para analisar o seu projeto segundo as orientações do código de obras e da lei de zoneamento do seu município, para encontrar a melhor relação entre um complexo conjunto de ambientes e circulações ou para desenvolver fantásticas formas orgânicas com base em complexas equações matemáticas? O primeiro passo é aprender os fundamentos de Dynamo. Neste LINK disponibilizamos uma apostila introdutória de Dynamo junto com todos os datasets necessários para você realizar os seus primeiros projetos nesta solução que traz o mundo do Projeto Algorítmico para junto do Revit, e expande os seus horizontes para muito além.

 

Execução de armações via Dynamo. Fonte: DynamoBIM.org, autoria de Dieter Vermeulen.

Execução de armações via Dynamo. Fonte: DynamoBIM.org, autoria de Dieter Vermeulen.

Neste artigo apresentamos resumidamente o conceito de Projeto Algorítmico em si e também como um passo fundamental para o Projeto Generativo, que por meio destes princípios permite o desenvolvimento de inúmeras alternativas de maneira a buscarmos a melhor solução para os nossos projetos. Em nosso próximo artigo desta série sobre Projeto Generativo amarraremos tudo o que foi falado até agora para tratar de uma outra fascinante tendência em projetos, a Biomimética. Até a próxima!

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Ricardo Bianca

Arq. M.Sc. Ricardo Bianca de Mello | Sr. Technical Sales Specialist, AEC, Brazil | Especialista Técnico da Autodesk para Arquitetura, Engenharia e Construção. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela FAUUSP, possui Mestrado em Projeto de Arquitetura pela mesma instituição. Antes de trabalhar na Autodesk desenvolveu diversos projetos nas áreas de edificações, urbanismo e design por meio de seu escritório e também em parceria com outros arquitetos no Brasil e no exterior. Trabalhou também com consultoria, perícia, instrução, em escritório de engenharia estrutural e em construtora. Profundo conhecedor e usuário de tecnologias Autodesk há cerca de 20 anos, trabalha com BIM desde 2004, quando começou a desenvolver projetos em Revit, tendo sido também responsável por coordenar ou amparar a adoção desta tecnologia em diversas empresas. Desde 2009 integra a Comissão de Estudos Especiais 134 da ABNT, que vem desenvolvendo a normalização brasileira para BIM. Desde 2010 faz parte do time da Autodesk do Brasil, atuando em todo o território brasileiro na divulgação e adoção da tecnologia Autodesk para BIM. Mais sobre ele, acesse seu perfil no Linkedin: www.linkedin.com/in/ricardo-bianca

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