Faz 10 anos que a famosa frase de Dale Carnegie “Se te derem um limão faça uma limonada” veio até mim trazida pela minha amiga Adriana Gonçalves e desde então não houve, na minha opinião, um momento onde esta frase fizesse mais sentido do que os dias atuais. A intenção deste post é provocar uma reflexão e uma mudança imediata de mindset. É um convite para se buscar, por meio da inovação, novas oportunidades de carreira e negócio, enterrando de uma vez por todas o que considero ser um grave efeito da crise na qual estamos inseridos, o efeito psicológico sobre o otimismo e autoestima.
Estamos todos cientes do péssimo desempenho da economia brasileira e da crise política instaurada, pois fomos todos diretamente afetados por ela. A receita global anual de quase US$10 trilhões, ou cerca de 6% do PIB global, geradas pela indústria de engenharia e construção (E&C) – pedra angular da economia mundial, pois atende a quase todas as outras indústrias, não foram suficientes para impedir que os anos recentes tenham sido muito duros para as empresas nacionais, e sobretudo para nós brasileiros. Entidades como CNI, CBIC, IBGE, entre outros, nos permitiram perceber que o mercado retraiu a patamares de décadas atrás, o desemprego atingiu recorde histórico, as margens e lucratividade das empresas foram ainda mais encurtadas, e a insegurança e incerteza fez com que o crédito e a confiança fossem para longe.
É também verdade que, esta não é a primeira vez que tivemos uma crise no país desde o início período democrático, e certamente não será a última. Já somos descolados em fazer negócios e trabalhar numa economia instável e cenário político desfavorável. No entanto, algo que me dei conta recentemente e merece receber especial atenção é o efeito negativo causado por esta crise ao otimismo e a autoestima dos brasileiros. Para falar disto, vou metaforicamente recorrer a um fato já desgastado pela mídia, o fatídico 7×1 da seleção brasileira contra Alemanha na copa do mundo de 2014 (Jogo ocorrido na minha cidade natal, Belo Horizonte).
Muito embora este não seja mais um fato recente e já tenha sido amplamente discutido, o comportamento da seleção naquele jogo pode ser comparado ao de muitos de nós brasileiros atualmente, e nos traz como lição algo que acredito ser bastante adequado para este momento em que vivemos, podendo ser utilizado como contramedida ao efeito que mencionei. Nós podemos analisar o jogo sobre várias perspectivas, seja pela falta de preparação e planejamento da equipe, seja pela falta da gestão do risco ao subestimar o adversário, seja pelas decisões políticas tomadas em detrimento das premissas técnicas, ou mesmo pela falta de talentos no time (considerando o capital intelectual como sendo o maior ativo de uma empresa), mas a postura da seleção brasileira após sofrer 3 gols consecutivos do adversário, foi para mim o principal fator motivador para aquele fracasso histórico. Após os 3 gols, a seleção se perdeu em campo, perdeu o otimismo, a capacidade para buscar o resultado. Enfim, parou de acreditar e não foi capaz de utilizar outras estratégias e táticas, e como resultado, aos 3 gols já sofridos se somaram mais 4 com chegada do segundo tempo de jogo.
Portanto, me atrevo a dizer que, O hoje é o momento perfeito para uma mudança de atitude e postura. É momento de dar fim ao efeito psicológico desta crise, por mais afetado que tenha sido seu negócio ou sua carreira, mesmo que saibamos que ainda há muita água para correr neste assunto. É hora de assimilar o placar do primeiro tempo, e colocar o time em campo, com outra postura, para jogar o segundo tempo. Ainda que, devido as condições impostas, não seja possível recuperar o placar negativo do primeiro tempo, você ou sua empresa deve fazer o segundo tempo mais positivo, ou caso contrário, o resultado poderá ser ainda pior.
Esta é hora oportuna para inovar, melhorar os processos e técnicas para aumentar a produtividade e evitar desperdícios, buscar nova capacitação, novos mercados de atuação, novos parceiros de negócio, pois há um mercado globalizado vibrante, com 7 bilhões de pessoas (e contando) nos convidando a solucionar inúmeros desafios. Problemas globais como fornecimento de energia elétrica e gás, mobilidade, habitação, abastecimento e tratamento de água, efeitos das mudanças climáticas, sustentabilidade e meio ambiente, atingirão patamares sem precedentes nas próximas décadas. Hoje, já enfrentamos no Brasil problemas crônicos, típicos de um país que há décadas está num processo progressivo de deterioração da sua infraestrutura, fundamentalmente motivado pela combinação dos baixos investimentos, escolhas equivocadas no que investir, e problemas de integridade na execução dos projetos. É, portanto, oportuno que o processo de construção e a forma como edifícios e infraestrutura são projetados e feitos, sejam transformados.
Atente-se as várias mudanças que estão ocorrendo na forma de produção do conhecimento, dos produtos e serviços. Por exemplo, os consumidores estão se tornando competidores das companhias de energia gerando sua própria eletricidade. Os veículos estão se tornando autônomos e movidos a energia elétrica ou hidrogênio. As cidades estão recebendo inúmeros sensores, conectados aos nossos celulares, relógios e à dispositivos móveis, estão se tornando inteligentes. Casas e pontes estão sendo impressas. Atente-se a fato de que o mercado nos convida cada vez mais a criar novos produtos que sejam capazes de tornar as cidades, cada vez mais populosas, lugares melhores para se viver proporcionando um estilo vida com maior qualidade.
Gartner, Pwc, Mckinsey, OCDE, a Autodesk, assim como outros líderes globais de tecnologia, relatam que há pelo menos 40 novas tecnologias emergentes que irão transformar a economia e a sociedade nos próximos 10-15 anos, a exemplo do BIM (Building Information Modeling), Drones/Robotics, Iot (Internet of Things), AR/VR (Augmented Reality/Virtual Reality), AI (Artificial Intelligence), Photogrammetry/Reality Capture, Veículos Elétricos e Autônomos, … e que gerarão centenas de novos empregos e movimentarão bilhões de dólares. (Muitas destas tecnologias já tem sido apresentadas neste blog, e ainda pretendo discutir com você algumas delas mais profundamente nos próximos posts).
A seguir apresento alguns exemplos concretos onde estas tecnologias já têm sido utilizadas. Em alguns casos em contextos econômicos e políticos tão complexos como o que estamos vivendo, como neste depoimento do superintendente de construção da Skanska que tornou o dia-a-dia no canteiro de obras mais eficiente por meio da transformação digital, ou neste caso onde Engenheiros sanitaristas que usaram melhores softwares e tecnologias para criar sistemas de água mais eficientes, ou no uso adequado de ferramentas e recursos na construção de edifícios em áreas vulneráveis a desastres naturais, e ainda nas inúmeras possibilidades para Iot em redes 5G: (Um mercado de 20.8 Bilhões de dólares).
Então, diante de tantas possibilitadas aqui discutidas, e na convicção de que esta crise não será para sempre, você irá preferir o Limão ou a Limonada?
De que modo você pretende colocar seu time em campo para o segundo tempo?