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Mundo AEC - Blog Oficial sobre soluções da Autodesk Brasil

Artigo: O uso do BIM aplicado à gestão de pontes e viadutos

Pedro Soethe
30/09/2020

Este artigo apresenta uma aplicação para a implementação do BIM no contexto de gestão e manutenção de pontes e viadutos, contemplado o uso de tecnologias como nuvem de pontos e fotografias 360º de escaneamento a laser. A pesquisa foi aplicada na inspeção especial (ABNT NBR 9452:2019) da Ponte Eusébio Matoso, da cidade de São Paulo, sendo feita sua modelagem no Autodesk Revit e posterior documentação no modelo das patologias encontradas na inspeção especial.

Modelagem da Ponte Eusébio Matoso com nuvem de pontos

Inicialmente, foi realizada a limpeza da nuvem de pontos da ponte Eusébio Matoso no Autodesk Recap. A limpeza foi realizada de forma a deixar somente os pontos referentes à estrutura da ponte visíveis, sendo excluídas toda vegetação e vias ao redor.

Nuvem de pontos da Ponte Eusébio Matoso.

O arquivo de nuvem de pontos (*.rcp) foi, então, vinculado a um novo projeto no Revit, onde foi usado como referência para a modelagem dos elementos da superestrutura (longarinas, transversinas e lajes) e os da mesoestrutura (pilares, travessas e aparelhos de apoio) da ponte. Toda a modelagem foi feita por meio do comando Modelar no Local, em que é criado um componente que é único ao projeto.

Vista inferior do modelo da Ponte Eusébio Matoso no Revit.

Criação de família de manifestações patológicas

 

Para a representação das manifestações patológicas a ser utilizada no registro das anomalias na ponte, foi feita a proposição de objetos paramétricos (chamados no Revit de famílias). A proposta foi realizada para as anomalias contidas na Tabela E.2 da NBR 9452:2019, que compreende os tipos de manifestações patológicas verificadas na inspeção especial segundo parâmetros estruturais, considerando-se a representação da geometria da anomalia por meio de representações simbólicas volumétricas (3D).

 

Com base nas informações exigíveis na inspeção especial de OAEs da NBR 9452:2019, constatou-se a necessidade de se considerar em um objeto de anomalia as seguintes informações:

  1. elemento onde foi constatada a anomalia (Principal, Secundário ou Complementar);
  2. condição verificada na inspeção especial segundo parâmetros estruturais (tipo de anomalia);
  3. nota de classificação da OAE, segundo parâmetros estruturais;
  4. data de identificação da anomalia.

Considerando essas informações relevantes a serem inseridas no objeto de manifestações patológicas, foi criado um arquivo de parâmetros compartilhados, contendo os parâmetros mostrados na figura a seguir da janela Editar parâmetros compartilhados do Revit.

Parâmetros compartilhados sobre as informações da inspeção especial de OAE.

Documentação das manifestações patológicas no modelo da ponte

As manifestações patológicas presentes na ponte Eusébio Matoso foram identificadas por meio das fotografias 360º e da nuvem de pontos. As anomalias identificadas foram, então, inseridas no modelo BIM da ponte, por meio do objeto Anomalia criado.  Além disso, no parâmetro Imagem, foi possível vincular um arquivo de imagem ao objeto da anomalia, a fim de acessar facilmente a foto da anomalia documentada.

Objeto Anomalia inserido no modelo da ponte e foto da anomalia associada.

Após a inserção no modelo dos objetos das anomalias identificadas, foi criada uma tabela no Revit contendo as informações dos parâmetros Condição Verificada, Data de identificação e Nota da OAE, a fim de documentar essas informações. A tabela foi classificada pela coluna Nota da OAE em ordem crescente, para facilitar a visualização da menor nota constatada, que será a nota final atribuída à OAE, conforme a NBR 9452:2019. No caso da Ponte Eusébio Matoso estudada neste trabalho, sua nota de classificação segundo os parâmetros estruturais resultou em nota 2, o que corresponde à classificação ruim.

Tabela do Revit com informações das anomalias inseridas no modelo da Ponte Eusébio Matoso.

Conclusão

A aplicação da modelagem com auxílio de nuvem de pontos na Ponte Eusébio Matoso permitiu a documentação de sua condição existente, propiciando uma fácil e precisa visualização de seus elementos estruturais em 3D. A nuvem de pontos possibilitou a modelagem das seções e medidas de vigas, pilares e tabuleiros de forma rápida e detalhada.

Constatou-se também que a documentação das anomalias no modelo BIM da ponte, por meio de objetos, propicia uma visualização clara do estado da ponte após uma inspeção, permitindo adicionar as informações exigidas pela NBR 9452:2019 no próprio modelo e servindo como repositório de dados geométricos e não geométricos de informações de diferentes etapas da construção civil.

Pode-se considerar que o armazenamento no modelo das informações das inspeções realizadas possibilita o uso contínuo dos dados e a gestão do histórico das manutenções já realizadas na ponte, garantindo a padronização das informações. Isso faz com que essas informações sejam acessadas e compartilhadas de maneira mais fácil, além de garantir a verificação de forma contínua da evolução das anomalias encontradas, bem como a atualização da informação sobre a anomalia, o que torna o fluxo de trabalho de manutenção mais ágil para se tomar as ações de engenharia.

Pesquisa realizada por Juliana Conde, Matheus Oliveira, Rafael Borges e Renato Maciel, como trabalho de conclusão de curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie, sob orientação do Prof. Me. Antonio Ivo de Barros Mainardi Neto. Link para o trabalho completo

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Pedro Soethe

Pedro Luis Soethe Cursino é formado em Engenharia Civil pela Universidade de Taubaté, tem pós-graduação em Georreferenciamento pela Faculdade de Pirassununga e em Estradas e Vias Urbanas pela FESP. Trabalha a mais de 15 anos na área de infraestrutura e é responsável por vários projetos executados no Brasil em diversas disciplinas como estradas, projetos urbanos, loteamentos, infraestrutura hidro-sanitária, drenagem, terraplanagem entre outras.

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